Entre cravo, arruda e alecrim - a Umbanda e a diversidade cultural em Portugal: indo ao encontro de outras raízes.

Programa de Doutoramento: Pós-Colonialismos e Cidadania Global

Estudarei criticamente a prática da Umbanda em contexto português, religião afro-ameríndia brasileira que assume uma pertença plural, fruto de hibridismo, de crioulização. Ela, como exemplo de raiz rizoma, desafia a lógica de cultura como raiz única, mostrando ser possível ir ao encontro de ouras raízes sem risco de diluição.

Com base nas Epistemologias do Sul, que buscam identificar e valorizar aquilo que muitas vezes nem sequer figura como conhecimento pelas epistemologias dominantes, meu objetivo é analisar a Umbanda à luz das tensões vivenciadas em Portugal. Numa conjuntura de crescimento da extrema direita, cada vez mais são noticiadas reações racistas e xenófobas, onde as explicações hegemônicas partem de uma homogeneidade nacional que teria sido alterada, exclusivamente, pela intensificação da diversidade cultural ligada aos recentes fluxos migratórios.

Buscando narrativas contra-hegemônicas, parto dos estudos pós-coloniais e das Epistemologias do Sul, que encaram tais tensões como expressão do colonialismo e pelo viés crítico da origem nacional homogênea, de raiz única e excludente, que reage ao medo de diluição pelo encontro com outras raízes. Revalorizando a dimensão da cultura como espaço de luta, meu interesse é entender o que (e se) a Umbanda mobiliza no contexto português de possibilidades emancipadoras.