Fernando Ruivo


16/01/1951 - 24/05/2021

Fernando Ruivo, que partiu inesperadamente no dia 25 de maio de 2021, permanecerá para sempre bem presente na memória de todos os que com ele privaram, pelas suas qualidades humanas e intelectuais.

Desde cedo revelou um espírito inquieto e inconformado, acompanhando à distância os movimentos culturais e intelectuais que alimentaram o maio de 68, cultivando um pensamento irreverente que, mais tarde, enquanto professor, o levou a estimular o sentido crítico dos alunos, levando-os a questionar as suas próprias opiniões e a buscar racionalidades heterodoxas para os fenómenos sociais. Nas aulas ou nos espaços de convívio que tanto apreciava, foi para muitos uma referência marcante, tanto como intelectual quanto como pedagogo.

O CES perdeu um dos seus fundadores e um investigador fortemente empenhado em desenvolver estudos em áreas menos exploradas, particularmente na fronteira da sociologia com o direito e com a ciência política. Os seus estudos sobre o poder local e a localização das políticas públicas, combinando a sofisticação teórica com a diversidade metodológica, a observação sistemática com a comparação internacional, influenciaram decisivamente o que hoje se faz em Portugal nesse domínio.

Amigo do seu amigo, Fernando Ruivo era um conversador nato, um observador atento e por vezes cáustico, confraternizando com a vida no que ela tem de bom. Sendo uma pessoa especial que nos marcou de verdade, ele terá sempre um espaço reservado nos nossos corações.

Fernando Ruivo, sociólogo, foi membro fundador do CES e da Revista Crítica de Ciências Sociais e Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Doutorado em Sociologia do Estado, do Direito e da Administração, teve um papel fundamental no CES no desenvolvimento de um pensamento crítico e interdisciplinar sobre o Estado e sistemas políticos, e em particular sobre poder local. Foi coordenador dos Programas de Mestrado "Políticas Locais e Descentralização" e de Doutoramento "Democracia no Século XXI" e é autor de um conjunto de trabalhos importantes sobre Poderes Locais e Localização de Políticas Públicas. De entre as suas obras mais relevantes, destacam-se o incontornável Um Estado labiríntico: o poder relacional nas relações entre poderes central e local em Portugal (2000. Porto: Afrontamento) e o mais recente Os Imigrantes e o Acesso Formal aos Espaços Políticos Locais (2012. Coimbra: Almedina).