Teses Defendidas

Monumentalidade Moderna. As Instalações Académicas de Coimbra e a Arquitectura dos Centros Culturais no Pós-guerra

Susana Constantino Silva

Data de Defesa
12 de Março de 2018
Orientação
José António Bandeirinha
Resumo
A presente dissertação examina o conjunto das Instalações Académicas da Universidade de Coimbra (1954-1961) como objecto de estudo para uma análise alargada da caracterização arquitectónica dos centros culturais construídos no pós-guerra. Em particular, esta tese explora o papel activo desempenhado pelos princípios disciplinares que defendiam a humanização da arquitectura por via de uma Nova Monumentalidade.

Estruturada numa sequência de temáticas que vão desde o debate internacional da revisão da arquitectura moderna no pós-guerra até ao papel dos equipamentos colectivos e culturais como meio de expressão cívica e símbolo de revalorização do espaço público, esta tese começa por abordar a relação que os que centros culturais estabelecem dentro do trinómio Arquitectura, Cultura e Cidade. Construídos como a materialização física de um conjunto de políticas de democratização do acesso à cultura e de regeneração dos centros urbanos no período que se seguiu ao final da II Guerra Mundial, os centros culturais assumem-se como locais de uma nova experiência de colectividade urbana, reafirmando o papel simbólico dos equipamentos públicos na vivência quotidiana e identidade da cidade europeia. Simultaneamente, enquanto novas propostas tipológicas que articulavam diferentes espaços para acomodar a cultura e o lazer de massas com uma imagem urbana de grande abertura e receptividade, anunciam uma mudança de paradigma na concepção dos equipamentos culturais e na sua relação com a cidade e o espaço público envolvente.

Depois de estabelecido este enquadramento conceptual, a investigação centra-se no programa, desenho e recepção crítica das Instalações Académicas dentro do plano da Cidade Universitária de Coimbra, apresentando este conjunto como um contra-projecto em relação à retórica da monumentalidade clássica dos restantes edifícios do plano geral da Cidade Universitária e como um equipamento cívico que partilha as suas referências urbanas e arquitectónicas com os equipamentos culturais e educativos que o welfare state europeu vinha promovendo. Considerando que, no contexto nacional, o regime do Estado Novo não subscrevia os mesmos princípios ideológicos que na Europa do pós-guerra vinham sustentando a encomenda pública desses equipamentos, a presente tese defende que, neste caso específico, a aproximação ao modelo dos centros culturais europeus se deu através da acção da Arquitectura enquanto agente disciplinar e não por via da agenda ideológica do estado.

As conclusões da dissertação afirmam que as Instalações Académicas são o resultado de uma abordagem arquitectónica que deliberadamente enfatiza as possibilidades estéticas e materiais que pertencem à lógica da humanização da arquitectura moderna discutida nos CIAM desse período, nomeadamente a integração das artes e a valorização da escala humana. Desse modo, tal como aconteceu com os centros culturais no contexto europeu, representam um momento de transição no conceito e desenho dos equipamentos colectivos dedicados à cultura e ao lazer, contribuindo, desse modo, para uma mudança de vivência no espaço público.

Palavras chave: Arquitectura, Nova Monumentalidade, Centro Cultural, Instalações Académicas de Coimbra