Abordagens ecocríticas de escritos na Amazônia

Período
1 de outubro de 2016 a 30 de setembro de 2021
Duração
60 meses
Resumo

Este projeto examina textos que representam a natureza da Amazónia de uma perspetiva ecocrítica. Esta tendência relativamente recente dos estudos literários reflete sobre a forma como as relações humanas com o meio ambiente informam textos literários e não literários e, por outro lado, como os discursos reproduzidos nestas obras determinam as nossas atitudes para com a natureza. Desde a chegada dos primeiros europeus no século dezasseis até aos nossos dias, a floresta amazónica tem sido encarada como um símbolo de natureza selvagem, dada a sua extensão, inacessibilidade, e diversidade da fauna e flora. Por esta razão, textos sobre esta região são particularmente ricos de um ponto de vista ecocrítico. Escritos sobre a Amazónia espelham a evolução de abordagens à natureza, começando num paradigma teológico que dividia as paisagens entre aquelas que eram semelhantes a um inferno verde e as que se pareciam com um paraíso terrestre, passando pela retórica de desenvolvimento científico do século dezanove e início do século vinte, até a medidas protecionistas e de conservação mais recentes. O meu objetivo é examinar as nossas perceções sobre a Amazónia e considerar como estas iluminam problemas ecológicos contemporâneos.

A primeira secção do projeto irá analisar descrições de viagens na região levadas a cabo por exploradores e missionários espanhóis e portugueses, tais como Gaspar de Carvajal, Cristóbal de Acuña ou João Daniel. Debruçar-me-ei em seguida sobre representações da região por naturalistas do norte da Europa, tais como Alfred Russel Wallace, Henry Walter Bates e Louis Agassiz, que enfatizavam a relevância científica da fauna e flora locais. Na terceira parte do estudo, que analisa textos de Alberto Rangel, Ferreira de Castro, José Eustasio Rivera e Rómulo Gallegos, concentrar-me-ei na chamada novela da selva, que floresceu na primeira metade do século vinte e que contrastava a ideia de uma natureza amazónica selvagem com discursos de desenvolvimento. Examinarei depois representações do território a partir de meados do século vinte por autores como Astrid Cabral, Márcio Souza e Juan Galeano, que foram muito influenciados pelo pensamento ambientalista. A seção final do projeto discutirá o que os textos sobre a Amazónia revelam no que diz respeito à atitude ocidental sobre o meio ambiente desde o início da Modernidade aos nossos dias.

Investigadoras/es
Palavras-Chave
ecocriticismo, Amazónia, escritos de viajem, novela da selva, ambientalismo