RECON Project Period-End Closing Colloquium

Economic Science in  Portugal

November 7 and 8, 2019, 10h00

Room 1, CES | Alta

Resumos

Economics imperialism and economic imperialism: Two sides of the same coin John B. Davis

We argue that in a core-periphery economic world, economics imperialism as advanced by the postwar Chicago School and economic imperialism led by the economies of the north are two sides of the same coin.  We first review the parallelism between postwar capitalism’s core-periphery expansion of the north into the south and the Chicago School’s theory of economics imperialism. We then distinguish four forms of relationships between different disciplines, and, using Rodrik’s augmented global capitalism trilemma, argue the Chicago School adopts his Golden Straitjacket pathway, both for north-south capitalist expansion and core mainstream economics’ orientation toward other social science disciplines.  

 

Os lugares e os movimentos das ideias económicas | José Reis

O conhecimento económico é um universo composto por vários campos autónomos e não convergentes. Esses campos têm diferentes dimensões e capacidades de influência. Há, no entanto, uma posição indiscutivelmente dominante.
A forma como as ideias de cada campo circulam é também diferente: nuns casos domina o isomorfismo, noutros o que aqui se designa “afinidades eletivas”.
Portugal é um bom caso de estudo para identificarmos cada uma destas questões e as suas tensões, durante as décadas mais recentes. Os estudos levados a cabo neste projeto, que aqui se evocam, representam bem isso.

 

A disseminação das ideias económicas numa sociedade semiperiférica: uma reflexão sobre o caso português | Carlos Bastien

Esta comunicação baseia-se na análise do caso português nos anos do Estado Novo, comportando dois períodos divididos pelo termo da Segunda Guerra Mundial. Um primeiro período de relativo isolamento e um segundo período em que a importação das ideias económicas foi intensa e relevante no processo de destruição criativa sofrida pelos campos económicos, científico e doutrinário, locais. Pretende-se identificar canais e instituições formais e informais envolvidas no processo de importação e difusão (universidades, centros de investigação, organizações internacionais, livros, revistas,...), mas também o próprio processo de apropriação e transformação de sistemas teóricos e doutrinários no contexto da dinâmica global da sociedade portuguesa.

 

A investigação portuguesa em Economia no passado recente: uma perspetiva quantitativa | Gonçalo Marçal e Vítor Neves

Desde os anos 1980, a investigação em Economia em Portugal sofreu profundas mudanças, tanto ao nível institucional como ao nível da produção científica. Esta comunicação procura denotar essas transformações desde então até 2015, destacando a estrutura da investigação e da comunidade académica em Economia em Portugal, as dinâmicas de mudança, as principais temáticas de investigação e o desenvolvimento de redes de coautoria nacionais e internacionais. Para isso, procedeu-se à análise das publicações internacionais e nacionais, das teses de doutoramento e dos projetos de investigação financiados pela FCT.

 

Nova Economia em Portugal: uma história de disrupção? | João Rodrigues

Esta comunicação parte de uma crónica, escrita por Daniel Traça, Dean da Nova School of Bussiness & Economics, em 2018, para assinalar o quadragésimo aniversário da instituição que nasceu, em 1978, com a designação de Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa: “Há 40 anos, a Nova School of Business & Economics [Nova SBE] nasceu da determinação de espíritos vanguardistas, num momento de disrupção em Portugal.” A comunicação procura então identificar os contornos da Economia que aí emergiu e dos mecanismos que a tornaram hegemónica, incluindo as suas conexões internacionais, nos anos oitenta e noventa.

 

O Banco de Portugal e a disseminação de ideias económicas | Ana Costa

Ao longo das décadas de 1970 e 1980, o Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal constituiu-se numa nova e influente jurisdição com um papel importante na trajetória intelectual e na consolidação do campo científico da Economia em Portugal. Destaca-se a interseção entre o percurso intelectual do departamento e as transformações diversas da economia portuguesa e da ciência económica em Portugal, procurando-se assinalar os relacionamentos que o departamento estabeleceu a vários níveis - institucional, político e académico - e como foram importantes para a consolidação desta nova jurisdição. 

 

O GEBEI: Um pensamento económico estruturado na periferia da Europa | José Reis

O GEBEI, Grupo de Estudos Básicos de Economia Industrial, foi uma instância de pensamento económico muito relevante entre o início da década de 1970 e meados da de 1980. Para se compreender o seu significado no ambiente intelectual daquele tempo, discute-se o “ecossistema de planeamento” e o papel de adviser da decisão política que o GEBEI representou; os impasses e os condicionalismos a que, naquelas circunstâncias, a economia portuguesa estava sujeita; a urgente necessidade de se criar informação e compreender substantivamente o nosso sistema económico; o significado de “uma visão estrutural e sistémica” e, enfim, o relacionamento internacional que o GEBEI estabeleceu.

 

Ciência, valores e política: como os economistas têm vindo a pensar a Economia em Portugal | Vítor Neves

O modo como os economistas portugueses têm vindo pensar a relação entre o seu trabalho enquanto ciência, os valores que perfilham e as recomendações de política que como “peritos” estão em condições de colocar à disposição da sociedade em que se inserem – a relação entre o “teórico”, o “doutrinário” e o “político” – é um tema da maior relevância. Nesta apresentação procura-se mapear a pluralidade de pontos de vista que atravessam a Economia que se tem vindo a fazer em Portugal, quer no que respeita à questão da possibilidade de uma ciência económica “positiva”, neutra relativamente aos valores, quer sobre a relação entre a Economia como ciência e a Política.

 

A uniformização do ensino pós-graduado em Economia em Portugal | Manuel Branco, Ana Costa e Gonçalo Marçal

Desde que o primeiro curso de pós-graduação em Economia foi criado em Portugal, no início dos anos 80, ocorreu uma notável padronização no fornecimento desse tipo de formação. Os cursos de pós-graduação em Economia tornaram-se assim muito semelhantes nas instituições de ensino superior portuguesas. Houve um estreitamento dos currículos em torno de um número cada vez mais restrito de disciplinas. Essa padronização não apenas reduz as chances de um ensino plural de economia, mas também empurra muitos estudantes para outros estudos de pós-graduação, em busca de uma abordagem mais adequada ao estudo das realidades sociais que lhes interessam. Inevitavelmente, o número de pós graduados em economia com uma visão plural da economia vem diminuindo sistematicamente. A segunda parte da comunicação procura descrever como esse processo ocorreu em Portugal, por meio de entrevistas com os responsáveis por várias edições dos referidos cursos.