Seminário | Construir as Epistemologias do Sul

O capital agrário, as lutas pela terra e as Epistemologias do Sul. Uma leitura a partir da África Austral

Boaventura Monjane

Teresa Cunha

2 de abril de 2020, 15h00 (CANCELLED)

Sala 1, CES | Alta

Resumo

O continente africano está a revelar novas dinâmicas de transformação agrária, resultantes da crescente penetração do capital no campo. As contradições disso derivantes vieram dar forma a novas relações agrárias, especialmente, no que se refere ao acesso e ao controlo da terra. Focando-se em três países, nomeadamente,  Moçambique, a África do Sul e o Zimbabué, o seminário pretende discutir as atuais lutas fundiárias na região, através de um relato intimista sobre a natureza dos movimentos agrários, sua organicidade, a sua base ideológica, as suas narrativas discursivas, a sua base social e a sua liderança política, bem como as suas táticas e estratégias. Este debate alarga o âmbito da questão agrária na região, reanalisando a composição e a natureza dos movimentos agrários no contexto contemporâneo e explorando a problemática da agência rural ativa, sob a perspetiva das Epistemologias do Sul.

Na segunda parte do seminário será apresentada a publicação ALICE-CES Mestras e Mestres do Mundo: Coragem e Sabedoria, com a presença das coordenadoras Teresa Cunha e Susana de Noronha.


Notas biográficas

Teresa Cunha é doutorada em Sociologia pela Universidade de Coimbra. É investigadora sénior do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra onde ensina em vários Cursos de Doutoramento; co-coordena a publicação 'Oficina do CES', os ciclos do Gender Workshop. Coordena a Escola da Inverno 'Ecologias Feministas de Saberes' e o Programa de Investigação Epistemologias do Sul. É professora-adjunta da Escola Superior de Educação do Instituto Superior Politécnico de Coimbra e investigadora associada do CODESRIA e do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique. Em 2017, foi agraciada com a Ordem de Timor-Leste pelo Presidente da República Democrática de Timor-Leste. Os seus interesses de investigação são feminismos e pós-colonialismos; outras economias e economias feministas mulheres; transição pós-bélica, paz e memorias; direitos humanos das mulheres no espaço do Índico. Tem publicados vários livros e artigos científicos em diversos países e línguas dos quais se destacam: Women InPower Women. Outras Economias criadas e lideradas por mulheres do sul não-imperial; Never Trust Sindarela. Feminismos, Pós-colonialismos, Moçambique e Timor- Leste; Ensaios pela Democracia. Justiça, dignidade e bem-viver; Elas no Sul e no Norte; Vozes das Mulheres de Timor; Timor-Leste: Crónica da Observação da Coragem; Feto Timor Nain Hitu - Sete Mulheres de Timor»; Andar Por Outros Caminhos e Raízes da ParticipAcção.

Boaventura Monjane é um ativista social e jornalista moçambicano. Tem uma licenciatura em Jornalismo, pela universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Maputo. É investigador no Centro para a Sociedade Civil, na Universidade de KwaZulu-Natal, Durban, onde está na finalização do seu mestrado em Estudos sobre Desenvolvimento. Lecionou webjornalismo e Comunicação Organizacional, como assistente estagiário na Escola de Comunicação e Artes da UEM. Boaventura trabalhou como jornalista independente para agências de informação e revistas internacionais, e tem publicado artigos de opinião e análise em jornais em Moçambique e no Brasil assim como em várias plataformas de informação e debete alternativos como o Pambazuka News. Militou em movimentos sociais tais como Via Campesina Internacional, onde integrou a equipa de comunicação do secretariado Internacional e a equipa de Advocacia da União Nacional de Camponeses em Moçambique. Monjane participou como organizador, comunicador e assessor de imprensa em várias atividades de mobilização em vários países, com destaque para os Fóruns Sociais (Dakar, Tunis), Cimeiras sobre Mudanças Climáticas (Copenhaga, Durban, Cochabamba, Paris), Conferências Internacionais e Congressos de Movimentos Camponeses (Selengué, Jakarta, Berder, São Paulo, Amesterdão, Coimbatore), Cimeiras dos Povos da África Austral (Maputo, Lilongwe, Bulawayo, Gaborone, Manzini) e Fóruns Humanistas (Nairobi, Madrid). Como ativista social e académico apresentou comunicações em prestigiosas Universidades e centros de pesquisa tais como o International Institute of Social Studies of Erasmus University Rotterdam (Holanda, 2016); African Institute of Agrarian Studies (Zimbabwe, 2016); University of Illinois (EUA, 2015), Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Peru, 2014), University of Cape Town (RSA, 2013), Universidade de Coimbra (Portugal, 2014). Monjane traduziu para o português importantes livros académicos, a saber: To Cook a Continent: destructive extraction and climate crisis in Africa" de Nnimmo Bassey e "BRICS: An anti-capitalist Critique", editado por Patrick Bond e Ana Garcia. É actualmente estudante de Doutoramento em Póscolonialismos e Cidadania Global no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal, tendo como área de pesquisa os Movimentos Sociais, questões agrárias e as alernativas desde a base (alternatives from bellow).