Resumo

A investigação que orienta este Seminário debruça-se sobre o controverso quadro do debate sobre ações afirmativas para acesso ao ensino superior no Brasil. Observamos que, no geral, as universidades brasileiras organizam-se a partir de concepções e representações forjadas nas relações coloniais, de modo que ainda, em seus espaços, formas de produção, de validação e de circulação de conhecimentos são definidas em função de matrizes eurocêntricas. Assim, temos procurado discutir a crescente presença dos povos indígenas nas universidades públicas brasileiras numa perspectiva pós-colonial. Ao considerar o racismo inscrito nas matrizes das ciências e o fato de que houve e há hierarquização dos conhecimentos, a crítica pós-colonial propõe o exercício epistemológico de desfamiliarização das experiências e de desconstrução do vocabulário colonial a partir do qual são nomeadas e conhecidas. Nesse sentido, nos propomos a discutir se as presenças indígenas podem provocar algum tipo de deslocamento (epistemológico) no contexto da universidade. A experiência em curso na Universidade Federal de São Carlos nos tem permitido discutir a ação afirmativa como medida que pode possibilitar desarranjos na matriz eurocêntrica de produção de conhecimento.

Nota Biográfica

Erica Kawakami Mattioli é psicóloga pela Universidade de São Paulo e doutoranda no Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos – Brasil.

Nota: Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito (DECIDe).