Teses Defendidas

Diálogos com adolescentes sobre relações amorosas, cidadania sexual e democracia íntima: proposições para uma Educação em Saúde Emancipatória!

Helena Maria Campos

Data de Defesa
12 de Setembro de 2017
Programa de Doutoramento
Human Rights in Contemporary Societies
Orientação
Ana Cristina Santos
Resumo
Doutoramento em Regime de Cotutela com a Universidade de Coimbra

A saúde sexual de adolescentes se constitui um campo de práticas e investigação em Saúde Coletiva, devido à iniciação sexual desprotegida, baixo uso de métodos de proteção, reduzido uso de preservativos em todas as relações sexuais, gravidez na adolescência, ISTs/AIDS, iniquidades de gênero, dentre outros agravos. Esta pesquisa teve por objetivo compreender os significados e sentidos das vivências afetivo-sexuais e os saberes sobre direitos sexuais entre adolescentes na contemporaneidade para subsidiar propostas educativas emancipatórias que promovam saúde sexual. Este estudo de abordagem qualitativa busca entender os significados e sentidos que os sujeitos atribuem aos fenômenos, as relações que estabelecem, correlacionando-os ao contexto sócio histórico em que se inserem e às teorias que fundamentam as interpretações. O referencial teórico-metodológico é o das representações sociais, entendidas como modalidades de conhecimento prático ou senso comum. O trabalho de campo foi realizado com adolescentes de idade entre 14 a 18 anos, alunos do Ensino Médio de uma escola pública em Belo Horizonte. Na coleta de dados utilizou-se de entrevistas, semiestruturadas e individuais, optou-se pela análise de conteúdo para a interpretação das informações. Os resultados apontam que direitos sexuais são preconizados em legislações nacionais e internacionais como direitos humanos, imprescindíveis para a vivência saudável e segura da sexualidade, entretanto não estão sendo efetivados na prática. Evidenciou-se que a precariedade da vida, iniquidades de gênero, silenciamentos, negação de direitos sexuais, informações qualificadas insuficientes afetam a saúde sexual de adolescentes, além disso, que não há como garantir saúde sexual sem o exercício pleno da cidadania sexual, sem um amplo conhecimento e usufruto dos direitos sexuais. A iniciação sexual vem ocorrendo cada vez mais cedo e tem sido preocupação de profissionais de saúde e de educação. A análise dos dados demonstrou que para a maioria de adolescentes entrevistados os significados atribuídos ao sexo seguro são reduzidos ao medo de pegar doenças e da gravidez, associados à prevenção e ao saber biomédico. Entretanto, para alguns adolescentes o conceito de sexo seguro deve ser ampliado, de modo a incluir maior igualdade entre os parceiros, conscientização crítica sobre sexualidade, equidade de gênero, sexo consensual, livre de coerções e de violências íntimas. Assinalam-se contradições nos relacionamentos amorosos entre adolescentes no mundo contemporâneo que precisam ser compreendidas e explicitadas para favorecer escolhas conscientes e responsáveis. Concluímos que há fatores psicológicos, culturais, sociais e políticos associados à saúde sexual, contudo relações amorosas, direitos sexuais e sexo seguro são temas motivadores e prioritários na promoção da saúde sexual de adolescentes. É indispensável promover o amor e prevenir a violência no namoro. Os direitos sexuais, os direitos humanos, bem como a saúde sexual só serão garantidos na medida em que adolescentes sejam reconhecidos e se reconheçam como portadores de saberes e direitos. Há desafios que precisam ser enfrentados como a implementação da saúde sexual na atenção primária e a educação em sexualidade nas escolas para todos adolescentes. A Educação em Saúde Emancipatória baseada no referencial teórico da Educação para a Consciência Crítica de Paulo Freire e na Justiça Cognitiva de Boaventura de Sousa Santos propicia diálogos criativos entre os saberes científicos e os saberes não científicos, amplia a compreensão dos fenômenos e potencializa ações coletivas de luta por democracia íntima e saúde sexual.

Palavras-chave: Adolescente, Saúde Sexual, Sexualidade, Direitos Sexuais, Educação em Saúde